quarta-feira, 28 de março de 2012

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Lições à mesa indiana (12)


Lição 12:


Os indianos adoram gorjeta, fazem qualquer coisa por um baksheesh ou tips. Qualquer coisa mesmo. Num país onde mais da metade da população vive com menos de dois dólares por dia, é fácil entender o porquê: para um indiano comum, gorjeta não é - parodiando os franceses – um pourboire, mas sim um pourvivre. Na Índia, mais do que em qualquer outro lugar, corre-se atrás desse “paraviver” como de água no deserto. Elementar.

Nessa corrida, além dos que estão a nos prestar serviços de fato, há também os que estão a nos “servir” independentemente da nossa solicitação ou vontade, o que de certo modo é compreensível: o simples fato de ser estrangeiro, estar viajando, sentado à mesa de um restaurante, máquina fotográfica na mão, faz de nós milionários. Nada mais normal. O que é muito peculiar é a maneira como põem em prática essa percepção: salta aos olhos a abordagem insistente, teatral, bajulatória, pretensamente zelosa, e mais, a subserviência no limite da degradação. 

Situação corriqueira, uma simples ida ao banheiro do restaurante. Pronto: alguém já se apressa em abrir a porta, faz uma saudação - “hello Sir!”, acompanha nossos passos, mede nossos gestos, aguarda o tempo que for preciso, corre para abrir a torneira, assiste ao lavar das mãos, à nossa imagem no espelho, estende-nos uma folha de papel - duas, três – e por fim, como uma sombra suplicante, se acomoda silenciosamente ao nosso lado à espera de rúpias, ou clama pungentemente por elas estendendo as mãos. Conviver com isso, diariamente, a toda hora e lugar - principalmente na intimidade própria a um banheiro - mais do que incômodo, é muitas vezes opressivo. Fazer o quê? Paciência é sempre boa aliada, mas é falível também: quando não está disposta a colaborar e a pagar o preço, um obrigado firme pode facilitar a saída. Em hindi, dhanyavad ou shukria – duas palavrinhas boas de se memorizar e usar sem moderação: são providenciais.



2 comentários:

Anônimo disse...

The way you play with words in different languages is a skill..
But that shows how good you are at the roots of words..
The spirit to embrace a culture and to get to know about it is what makes the difference.. We are not talking about tourism here. We are talking about what is real to be in that civilization, people worthy of themselves.. Life is short, but there are so many things to learn. You have really shown that learning has no boundaries, no limits..

Out of top ten rich people in the world, at least 2 are from India. Isn’t it amazing? See how varied and diverse India is in terms of people’s money too.. There is an upper class, a middle class and a lower class. Everyone lives together, shares harmony, peace, festivals, etc.. It looks like; it’s a symbiotic relationship as everyone depends on each other in a way or another..

Waiting on the table, with half of the stuff already arrived and half of the stuff still coming, will definitely make you exercise your perseverance and may be you could vent of your anger on the waiter, but the way you reacted to it and ended up saying “धन्यवाद”to the person, I hope made your meal a delicacy.... No hassle right… This is a quality that everyone doesn’t possess and that what makes y’all a good tourist and a good blogger.

Two months is not a sufficient time to learn about a diverse country like India.
I, who was even born there and many others like me are still unaware of the culture of different regions.. What we all share, is the common spirit which keeps all of us together, but still to know different regions and to make a wonderful attempt like what you did including assessment of the people’s behavior is really worth-admiring..


Really admire you my brothers!!!

Abraços!!

Your fellow traveller and your brother ☺

Claudio Pfeil disse...

Dear Rohit

Thank you so much for your words: compliments make us go forward with more enthusiasm, and criticism make us go forward more carefully. Anyway, thank you.

You who have accompanied us in the Diario de Viagem à India, realizes very well that we are passionate about India: everything we write is full of extraordinary affection for this country since then, if you allow us, is ours too.

If I say that is because we seek to live fully our passion without ever losing the critical eye. Yet I tell you more: for us, the critical eye will increase the passion.

Therefore, even though sometimes we send a judgment a bit harsh or cruel, please forgive us: do not get us wrong, just get our words as a welcome gift we make to India, its fabulous culture and its people that - as we've written on the blog - has a look that doesn't exist anywhere.

With our warm greetings