Lição 2:
Na Índia, há todo o tipo de chá que se possa imaginar, desde os mais apreciados, Darjeeling e Assam, aos de flores, frutas, ervas e – como não poderia deixar de ser - até especiarias, como cardamomo, gengibre, pimenta-do-reino e canela. O que a gente não sabia é que toda essa variedade não vem de plantas diferentes, mas de uma só: a Camellia sinensis, originária do Nordeste da Índia. E mais: são as diversas maneiras de se processar a folha que dão origem aos diferentes tipos, sabores, aromas e cores. Ficamos boquiabertos. Se é verdade que depois da água, o chá é a bebida mais consumida do mundo, na Índia, a prova disso está nas ruas: os indianos amontoam-se em qualquer birosca onde fumegam panelões de leite e chá, ante a exímia arte dos vendedores que, segurando o bule nas alturas, despejam a mistura preciosa em copinhos enfileirados, até a boca e sem derramar. Vale a pena parar com calma para admirar: um espetáculo.
Os indianos lideram a produção mundial de chá, seguidos pelos chineses, cingaleses e quenianos. Em geral, as folhas são colhidas à mão para não serem danificadas: as inteiras garantem uma qualidade superior de infusão, enquanto as “quebradas” destinam-se à comercialização em saquinhos. A colheita na Índia é feita majoritariamente pelas mulheres, supostamente - segundo nos disseram - pela delicadeza de seus dedos, mais aptos a manipular as folhas sem quebrá-las. Aqui, mais do que em qualquer outro lugar do mundo, toda justificativa é válida, sobretudo quando se trata de mandar a mulher à labuta pesada. E também fazer valer sua beleza para seduzir os consumidores: em toda a India veem-se outdoors com lindas indianas segurando uma xícara de chá, com os mesmos dedos delicados que fazem a colheita das folhas. Da produção à venda, a mulher faz a fortuna do chá.
No “breakpast” costuma-se servir black tea, o qual, geralmente, vem misturado ao leite, às vezes, já adoçado. Para se obter chá puro, é aconselhável antes frisar: black tea without milk, please Sir! Frisar de novo, com todas as letras, nunca é demais: há uma chance do tea vir black, não se sabe depois de quanto tempo. Se o bule vier antes da xícara, não estranhe: uma hora ela aparece na mesa. Talvez o chá já tenha esfriado um pouco, fazer o quê? Na Índia a gente aprende como em nenhum outro lugar a lição: não se pode ter tudo. É sempre bom pensar duas vezes antes de pedir qualquer alteração: o chá com leite pelo menos vem quente. O café é invariavelmente ralo; café expresso é uma raridade, mas existe: para os aficionados, é bom não deixar passar. Nunca se sabe quando vai aparecer outro.
Banca de chá no mercado de Anjuna, Goa, Sudoeste da Índia.
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Chá de jasmim em Varanasi |
Um comentário:
Cláudio
Você tem razão eu gosto muito de chá, especialmente o chá inglês, que nada mais é do que o chá indiano, em especial o Darjeeling. O que eu não sabia é que todos derivavam da mesma planta. Muito interessante.
Acho que na India, eu tomaria chá a toda hora.
abraços
Marilia
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