domingo, 12 de fevereiro de 2012

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10. Pettah

Ao cair da tarde, fomos para Pettah, centro de Colombo, com seus bazares coloridos e agitados. Nas ruas estreitas, cestos de peixe salgado, sacos de especiarias, frutas e legumes, tudo no chão – calçada não existe - vendedores ambulantes, burros-sem-rabo, motos, bicicletas, caminhões, tuc-tucs e pedestres pululavam de todos os lados, ao som de buzinas e alto-falantes a serviço de Allah. No meio do corre-corre, homens parados, alguns de idade, olhar fosco, um de barba branca, muito comprida, com a ponta amarela. Nos templos hindus, o tilintar dos sinos anunciava o Puja - à porta de um deles, homens manobravam uma bananeira inteira, cachos pendendo: deuses adoram banana. Plantas artificiais e flores fluorescentes, vendidas em todos os tipos e tamanhos, pareciam ainda mais surreais num país de mata tão verde e exuberante. Vitrines de joalherias, coladas umas nas outras, reluziam e iluminavam nosso caminho em busca de encontrar, nas ruas escuras e sem placa, um restaurante indicado em nosso guia, cozinha cingalesa caseira e autêntica. Depois de muito rodar, acabamos encontrando-o: o andar de baixo era “Veg” (abreviatura de vegetariano), o de cima “No veg” (não vegetariano). Uma geral nos dois e uma simples ida ao banheiro nos fizeram entrar num pé e sair no outro. Guias deveriam sempre começar pelos banheiros, ou pelo menos colocá-los no menu. Recorremos a outra indicação: um restaurante de peixes. Indagamos a um motorista de tuc-tuc se sabia onde era:
- Ok, ok – respondeu balançando a cabeça. Seguimos com ele. Alguns metros adiante, deu uma parada, confabulou com outro tuc-tuc, engatou e seguimos adiante. Perguntamos se sabia exatamente aonde estava indo: mais um ok, ok, outro balanço de cabeça, nova parada, novas confabulações. Finalmente, após um ziguezague barulhento no trânsito nervoso de Colombo, o destino reservou-nos uma mesa de jantar no mínimo inusitada: um Christmas Menu – com direito a entrada, prato e sobremesa cingaleses - Frank Sinatra tocando baixinho, ambiente ornamentado com luzinhas coloridas piscando no teto e plantas tropicais de plástico, que bem podem ter vindo do “jardim” de Pettah.


Um comentário:

Anônimo disse...

Está muito bom acompanhar essa viagem com vocês. Quantas novidades e que riqueza de detalhes. Imagino o quanto tudo isso deve estar afetando vocês. Positivamente, é claro.
Abraços Marilia